10 presos da Canhanduba se formaram no Ensino Superior

  • ITAJAÍ -
  • 09/08/2018
  • 29649 Visualizações
img

Um grupo de 10 presidiários e um ex-detento se formaram na tarde de ontem no curso Tecnólogo em Logística no complexo penitenciário da Canhanduba. Pela primeira vez em Santa Catarina, presos se formaram no ensino superior em curso pago por eles mesmos através do trabalho na penitenciária.
Orgulhosos, os detentos receberam o diplomas diante de representantes do Governo do Estado, do poder Judiciário e de familiares.

O projeto começou há cerca de dois anos e o curso a distância foi oferecido pela instituição Unigran, representada em Itajaí pela Aupex. Os presidiários estudavam on line e a cada 21 dias, num domingo de manhã, faziam a prova presencial no prédio da instituição de ensino.
Da turma inicial de 18, 15 concluíram o curso. Cinco já estão fora das paredes da Canhanduba. Mas, um deles, já empregado, fez questão de ontem voltar à penitenciária para se formar com os colegas de turma.

Douglas Waltrick, 35, estava terminando o curso de Tecnologia em Processos Gerenciais quando foi preso. Passou cinco anos na cadeia, até sair em 5 de julho. Quatro dias depois começou a trabalhar no setor administrativo de uma empresa de logística. “Esse diploma é uma conquista. O estudo é fundamental pra qualquer pessoa. Quando a gente olha pra frente, o tempo não para. Mas o tempo aqui, se olhar pra trás, não passa e usei isso pra focar nos estudos”, explica. Agora, além de trabalhar, ele quer voltar e concluir o curso interrompido no passado.
Bruno Rodrigo Schweder, 34, já cumpre quatro anos e quatro meses de prisão e agora vai pro regime semiaberto. Pra ele, a formatura representa um recomeço. “É uma injeção de ânimo e uma oportunidade de mudar a direção da minha vida”, diz.
No discurso da cerimônia de formatura, feito por Douglas, os detentos afirmam esperar encontrar um mercado de trabalho com menos preconceitos, sugerindo a criação de incentivos fiscais aos empregadores que toparem dar uma chance a quem está recomeçando.
Atualmente, 31% dos detentos trabalham e 26% estudam em Santa Catarina. Desde 2011, a secretaria de Justiça e Cidadania formou 3,8 mil apenados em cursos profissionalizantes e 5,4 mil em educação formal (ensino médio e fundamental), ofertados por meio de convênios.
“Isso prova que a atividade educacional, atividade laboral, espaço e oportunidades são o caminho certo. Não é o caminho fácil, mas é o correto”, avalia o secretário de Estado de Justiça e Cidadania, Leandro Lima.

Fonte: Paulo Roberto



Parceiros